quinta-feira, 12 de julho de 2012

A CAROL NASCEU!!!!!!!

RELATATO DE PARTO - VBAC (PARTO NORMAL DEPOIS DE UMA CESÁREA) por Karina Abs Brandão, domingo, 24 de Junho de 2012 às 15:01 · Londrina, 15 de junho de 2012 João 16:21 “A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque é chegada a sua hora; mas, depois de ter dado à luz a criança, já não se lembra da aflição, pelo prazer de haver nascido um ser no mundo.” Obrigada, Senhor, por eu ter conseguido meu tão sonhado VBAC (parto normal depois de uma cesárea), quando peguei a Carol pela primeira vez em meus braços, só vinha a minha mente Efésios 3.20: “ O Senhor é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos, ou pensamos.” Deus é fiel!!!! Esse parto começou desde que eu tive a Bia, de uma cesárea ou melhor desneCESÁREA em maio de 2007. Eu queria ter parido a Bia, mas no final da gravidez vieram as enganações: “o cordão está enrolado no pescoço, só vamos esperar até 38 ou 39 semanas, o líquido amniótico está diminuído, a placenta envelheceu.” E acabei entrando na faca por falta de informações. A cesárea não dói na hora, mas depois... o pesadelo começou quando cheguei em casa com a Bia nos meus braços, com uma bebê sonolenta (embebida em anestésico com toda certeza), eu desanimada, cansada, acabada, cortada, super medicada (antiflamatório, remédio para gases e antitérmico), depois de um tempo, eu só pensava: Meu Deus, não pode ser assim a melhor forma de um bebê nascer, não precisa ser assim... e fui resgatar, como fera ferida, a parte do meu parto que me tinha sido roubada! Comecei a procurar na internet saber sobre parto normal, foi quando comecei a ler sobre parto humanizado e isso foi formando meus conceitos e desejos: aquele era o jeito certo de trazer um filho ao mundo, com respeito à mulher e ao bebê, onde a mulher é a protagonista do seu parto. Nessa época mudei para Londrina e conheci a Edi, que mesmo tendo pouco contato, tenho um enorme carinho, ela teve a Luiza de parto humanizado com o dr. Alessandro Galleto, foi lindo o relato dela, eu chorava ao ler, era aquilo que eu queria para mim! Ela me apresentou a doula Pata, conversei algumas vezes com ela, ela me indicou sites e grupos de apoio e eu corri atrás do que eu queria 5 anos antes de ter a Carol. Dessa busca indiretamente nasceu aqui em Londrina o Gesta, apoiando as grávidas que querem parir dignamente, pois eu apresentei a Pata, coordenadora do GestaMaringá, a minha doula Marilia, que hoje coordena o GestaLondrina. Meu parto começou no dia 11 de junho, o que chamamos de pródromos, que é um preparo do corpo para o parto: estávamos na reunião de oração do JUNHORANDO e quando terminou fui pegar a Bia na salinha das crianças e a tia perguntou para quando era o bebê e eu disse, acho que para hoje, porque minha bolsa acabou de romper. Ela ficou toda nervosa, oferecendo ajuda e eu a despreocupei, dizendo que estava tudo bem. Na verdade nessa hora, eu comecei a pensar no que ia fazer, já que meu médico só chegaria na sexta e eu não queria cair numa cesária de jeito nenhum. Pensei em ir para a maternidade Municipal para ter chances de parir. Ao chegar em casa, liguei para minha doula que mandou uma mensagem para uma enfermeira obstetriz do GestaLondrina (grupo de gestantes a favor do Parto Normal), a Telminha, e se enganou e mandou uma mensagem para a secretária do meu obstetra, a mulher ficou doida, dizendo que eu tinha de ligar para ela, para ela dar as coordenadas do que fazer, que um parto é uma coisa complicada, é delicado... coitada! Naquela noite começaram as primeiras contrações, bem fraquinhas e sem ritmo. Amanheceu e nada de contrações. Decidi fazer uma cardiotoco que eu tinha o pedido comigo, estava tudo bem com a Carol. À tarde o médico que o doutor Galleto deixou no lugar dele quis me ver, fui ao consultório e ele disse que a bolsa não tinha rompido, que meu útero ainda estava alto e que eu podia ficar tranquila. Ainda me elogiou dizendo eu ser corajosa por querer um parto normal e que segundo a análise dele eu poderia parir sim. Toda noite vinham as contrações fraquinhas e sem ritimos, eu sabia que estava perto, mas conversava com a Carol para ela esperar até sexta... graças a Deus tudo deu certo! Quinta foi um dia agitado, foi quando terminei de fazer as lembrancinhas da chegada da Carol, comprei um roupão de flanela bem quentinho para usar na maternidade, umas touquinhas para a Carol, meias e cacharrel de lã para a Bia, fui à pediatra que iria assistir ao nascimento da Carol e quando foi 3 horas da manhã as contrações começaram, sem ritimo, mas fortes, quando foi 5 da manhã elas vieram regulares e de 5 em 5 minutos. Liguei para minha doula e amiga Marilia e disse que queria ir ao hospital porque “o bicho estava pegando”. Eu tentei sentar na bola durante as contrações fortes, mas doía mais ainda... cheguei no hospital com 7 de dilatação e fui para 9 rapidinho... mas aí as coisas ficaram mais lentas. Dilatava mais um pouco, a Carol descia mais, mas eu não sentia aquela vontade de fazer força para o bebê nascer. Definitivamente hospital não é o lugar de um bebê saudável nascer! Eu ia andar no corredor durante o trabalho de parto e as pessoas achavam que eu estava passando mal, perguntavam se eu queria ajuda, que chamasse socorro, aquilo me irritava muito, porque eu estava em um momento meu, introspectivo, eu estava vivendo uma experiência maravilhosa, sonhada, estar em trabalho de parto te coloca em outra dimensão, uma coisa meio doida, mas as pessoas falando e oferecendo ajuda me tiravam do clima de “partolandia”. Decidi ir para o quarto, fiquei no chuveiro, sentada na escadinha para subir na cama (poxa, podia ter uma banquetinha, né? Investimento tão alto para o hospital...), era uma delícia ficar ali. A todo momento a Marilia estava ao meu lado, fazendo massagem, jogando óleos no box, me oferecendo alimentos, e tentando conter o entra e sai de enfermeiras e funcionárias do hospital que cortavam o meu clima de parto natural. Aceitei a ocitocina para tentar acelerar o trabalho de parto, mas a evolução foi pouca. Tentei parir na poltrona, tentei parir na cama, não tinha posição, não tinha apoio (poxa, uma barra de ferro também deve ser um investimento muito alto para o hospital...) Eu não ia conseguir? Veio dúvida nessa hora. Foi quando o dr. Galleto disse que eu ia para o centro cirúrgico, pois o período expulsivo estava muito longo: fui desesperada, chorando e achando que ia ser anestesiada, cortada e que a Carol seria puxada com fórceps, achei que ia ter um parto normal Frank (desrespeitoso) ... quando cheguei no centro cirúrgico falei para o doutor dar logo a anestesia e me cortar, e ele perguntou o que eu estava falando, que não ia ter nada disso, que ele só ia me deixar em uma posição melhor para eu conseguir parir. Pedi para as enfermeiras deixarem minha doula entrar, ela também sonhou comigo esse parto. Eu acho que as enfermeiras estavam tão na torcida de tudo dar certo, que se eu pedisse para entrar qualquer pessoa, elas deixariam, elas acompanharam todas as 12 horas de trabalho de parto e creio que torceram pelo parto normal acontecer, coisa rara, uma vez que 95% dos nascimentos são cesáreas. Coloquei meu pé naqueles estribos e quando segurei na barra de ferro a Carol veio na terceira contração! Que alegria, que orgulho, que garra, eu consegui meu VBAC, coisa rara nesse mundo medicalista, cesarista, desrespeitoso com a escolha da mulher... toda mulher merecia um parto digno, segundo sua escolhas. Me lembrei de algumas pessoas que tiveram parto normal totalmente desrespeitoso, totalmente brutal, que foram rasgadas, mal costuradas, que foram “punidas”. Me lembrei das amigas que queriam um parto normal e que foram enganadas pela conversa do médico que não espera o tempo do bebê nascer, e dão mil desculpas para levar para a faca. Me senti privilegiada por ter um parto respeitado. A Carol chegou calma, veio direto para meus braços, eu lembro de fazer uma oração de louvor, agradecendo a Deus sua fidelidade, seu imenso amor, foi muito emocionante: a Carol veio direto para meus braços, mamou, tudo na paz, sem sem intervenções (aspiração e coisa do gênero). A dor faz parte, doeu sim, nem tanto quanto imaginei, mas passou no momento em que peguei a Carol no colo. Eu usei a dor como aliada e não como inimiga, eu sabia que ia doer e sabia que ia passar, e eu precisava passar por isso para dar o melhor para a Carol. Depois tudo passou, eu estava lúcida, feliz, orgulhosa de ter conseguido... valeu! Depois do meu parto tomei uma banho gostoso, fui ver minha filha, comi, curti a vitória do meu parto com meu marido, vi a Bia que me deu uma enorme alegria e lembrança do que vivi no parto dela e do que estava vivendo naquele dia, foi maravilhoso!!! Achei legal meu marido dizer que não se assustou ao ver a cabecinha da Carol coroando, achei legal a Bia comemorar que a Carol nasceu da perereca, minha família abraçou meu sonho. Primeiramente agradeço a Deus, de quem sou totalmente dependente, que é fiel sempre! Ao meu marido que me apoiou em tudo que precisei, respeitou minhas decisões e escolhas, que sonhou comigo o desejo desse parto. À Bia, minha filha, que me inseriu no mundo mais maravilhoso que pode existir, a maternidade; ela é meu tesouro, meu amor, minha companheira; à minha mãe, que e orou por mim durante toda gravidez; à minha irmã Bruna, curiosa em relação ao meu parto, sempre admirando a escolha e torcendo por mim; ao grupo de oração Ore+, que esteve em oração durante meu trabalho de parto; a minha doula Marilia, que esteve junto o tempo todo, era minha voz nas contrações e momentos em que eu queria silêncio, doula é essencial, valeu cada centavo; ao dr. Galleto que me respeitou como mulher, como ser humano, que não roubou meu protagonismo; a dr. Rosana que assistiu à Carol e não fez intervenções desnecessárias; a todos os amigos e família que participaram da minha gravidez, do meu sonho... eu amo ser mãe, eu amo parir... eu quero mais!!! Mulher saudável, com bebê saudável, pode parir em qualquer lugar, só precisa de Deus e mais nada, Deus é perfeito! Karina Abs Brandão, de alma lavada!!! Mãe da Bia, 5 anos, nascida de desneCESÁREA eletiva e da Carol, RN, nascida de um lindo VBAC.

Nenhum comentário:

Postar um comentário